Condenada por lavagem de dinheiro, ex-primeira-dama do Peru pede asilo no Brasil
- Lara Andrade
- 16 de abr.
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O escândalo Odebrecht, que começou com a Operação Lava Jato no Brasil, revelou uma teia de subornos em vários países da América Latina

A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, deve desembarcar em Brasília nesta quarta-feira (16) após entrar na embaixada brasileira em Lima para solicitar asilo e evitar a prisão. Ela foi condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro ao lado do marido, o ex-presidente Ollanta Humala, na terça-feira (15). Enquanto Heredia obteve salvo-conduto da presidente peruana, Dina Boluarte, para viajar ao Brasil com o filho menor de idade, Humala decidiu permanecer no país e foi detido pelas autoridades.
O casal foi condenado por envolvimento em um dos maiores escândalos de corrupção da América Latina: o caso Odebrecht, hoje chamada de Novonor. Segundo a Justiça peruana, ambos receberam propinas da construtora brasileira e do governo da Venezuela para financiar suas campanhas eleitorais de 2006 e 2011. Heredia e Humala teriam ocultado esses recursos por meio de compras de imóveis e outras manobras financeiras ilegais. A defesa do ex-presidente afirmou que irá recorrer da decisão.
A sentença encerra mais de três anos de audiências contra Humala, que governou o Peru entre 2011 e 2016 com um discurso de centro-esquerda. O Ministério Público afirma que ele recebeu US$ 3 milhões da Odebrecht para sua campanha vitoriosa em 2011. Já em 2006, ano em que foi derrotado, o casal teria recebido US$ 200 mil do então presidente venezuelano Hugo Chávez, por meio de transferências bancárias intermediadas pela empresa Kayzamak.
A promotoria peruana havia pedido penas ainda mais duras, 20 anos de prisão para Humala e 26 para Heredia, sob acusações de ocultação de patrimônio e lavagem de ativos. Segundo os promotores, Heredia teria usado os recursos ilícitos da Odebrecht para comprar imóveis em nome de terceiros e simular transações legais. Ambos negam as acusações e afirmam não ter recebido dinheiro nem da empreiteira brasileira nem do governo venezuelano.
O escândalo Odebrecht, que começou com a Operação Lava Jato no Brasil, revelou uma teia de subornos em vários países da América Latina, incluindo Peru, Argentina, México e República Dominicana. No Peru, o caso atingiu diretamente quatro ex-presidentes, entre eles Alan García, que cometeu suicídio em 2019 ao ser alvo de um mandado de prisão. A condenação de Humala e Heredia reforça o impacto duradouro das investigações sobre a influência da Odebrecht na política latino-americana.