Guerra na Ucrânia agrava crise de saúde mental e sobrecarrega hospitais psiquiátricos
- Lara Andrade
- 15 de abr.
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O sistema psiquiátrico da Ucrânia enfrenta crise com superlotação e falta de medicamentos devido ao conflito

Mais de dois anos após o início da invasão russa, a guerra na Ucrânia segue devastando não apenas cidades e infraestruturas, mas também a saúde mental da população. Enquanto drones e mísseis russos cruzam os céus do país, milhares de ucranianos enfrentam uma crise silenciosa com o colapso do sistema psiquiátrico. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 9,6 milhões de pessoas , quase um quarto da população anterior ao conflito, correm o risco de desenvolver algum transtorno mental.
Em um hospital psiquiátrico superlotado na cidade de Poltava, no centro do país, Olga Klimova, de 44 anos, dorme profundamente apesar dos sons da guerra. Diagnosticada com esquizofrenia, ela foi transferida da região de Kherson, no sul, uma das mais afetadas pelos combates. “Tomo meus remédios e durmo profundamente. Não ouço nada”, contou à AFP Notícias. Desde o início da guerra, não tem notícias da família, mas mantém a esperança: “Eles sabem que estou em Poltava. Estou esperando a guerra acabar para vê-los.”
A guerra forçou a transferência de milhares de pacientes psiquiátricos, em uma tentativa do governo de protegê-los das zonas de conflito. No entanto, o sistema público de saúde mental está no limite, enfrentando uma demanda sem precedentes. Médicos alertam para a escassez de recursos, medicamentos e profissionais especializados.
Oles Teliukov, médico do hospital de Poltava, afirma que a situação tende a piorar enquanto o conflito se prolonga. Além dos pacientes com histórico de transtornos, a guerra tem provocado traumas profundos na população civil e militar. “A devastação vai muito além do que é visível. Estamos lidando com uma crise mental em massa”, alerta.